B R Á S   M E R C A N T E 
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Ano: 2020
Nas terras do proprietário rural José Brás, começou a se desenvolver um povoado localizado no centro da cidade de São Paulo que hoje conhecemos por nome de “Brás”. Que de uma região predominantemente rural a um bairro operário, tornou-se o centro da imigração italiana em São Paulo e, posteriormente, destino de uma intensa migração nordestina e que hoje também abriga inúmeros imigrantes e refugiados, tornando-se uma das maiores e importantes região de mercados populares da América Latina.
De pequenas a grandes lojas, bazares (a vender de tudo), casas de tecidos, armarinhos, e as infalíveis casas de lanches e cafés, a região do Brás é um enorme mercado a céu aberto, que só cresce a cada dia através de camelôs, ambulantes e vendedores de bilhetes que se espalham pela região junto a milhares de compradores vindo de todas as regiões do país.
Os diversos fluxos migratórios atrelado a diminuição das oportunidades de emprego e o “abandono” da região central, tornam-se condições de possibilidade para que pontos de comércio popular tomem forma como um centro de referência popular transnacional, por onde passam milhares de pessoas diariamente, vendendo, comprando, ou trabalhando na prestação de serviços variados.
Durante o ano de 2020 pude acompanhar e registrar um grupo de revendedores que fazem parte do chamado setor informal de trabalho a qual conhecemos por nome de ambulantes, que em sua maioria são imigrantes, migrantes e filhos de migrantes. Seus pontos de atuação estão sempre nas calçadas das ruas, á margem do intenso fluxo de pedestres e próximos de lojas do comércio formal.
Muitos deles encaram como o maior motivador de atuação nessa região suas dificuldades financeiras e falta de oportunidades no emprego formal. Com a atual taxa de desemprego que o país vive, o desemprego contribui com o aumento do número de camelôs e ambulantes na região do Brás, aumentando os excluídos do mercado formal e também saturando o setor informal, o que se torna notório ao presenciar pela região um número cada vez maior desse grupo social.
Os registros buscam narrar o cotidiano dos ambulantes que diariamente buscam sua sobrevivência econômica em situações de precariedade, como embaixo de sol forte, calor,  chuvas, fugindo das fiscalizações, se aglomerando em momentos de isolamento social com relação a pandemia que foi vivenciado durante o período desses registros, transportação de mercadorias, negociações com lojistas, entre outros.
Esse material busca ser um registro documental do período e da região do Brás, estando em constante atualização como meio de documentação das suas sociabilidades através de reflexões sociais e delações visuais acerca do espaço, territoriedade e práticas informais de trabalho com ambulantes, migrantes e imigrantes que buscam uma oportunidade de vida nessa região, mostrando um Brás mercante, mas sobretudo humano.
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