H E R A N Ç A   A M B Í G U A
__
Ano: 2020 - 2021


A palavra herança tem por sentido um legado, patrimônio ou condição deixada, e dentro dessa situação, este ensaio busca de maneira ambígua questionar a herança secular que nossos colonos nos deixaram em cidades históricas que se estabeleceram nos primeiros processos civilizatórios do Brasil.
Em diversas cidades coloniais onde o caminhar é vagaroso devido às pedras "pés-de-moleque" de suas ruas, as construções de seus casarões em estilo barroco e igrejas que tomam o topo das cidades mostrando seu poderio católico (instaurado pelas missões jesuítas), nos elevam em um primeiro momento a um estado de encantamento por suas belezas arquitetônicas e seculares com que se prevalecem nessas cidades.
Porém mesmo após séculos de dizimação (que ainda continua) dos nossos povos indígenas, e de um período de novo aculturamento e escravidão de negros, indígenas, caboclos e mulatos, essas cidades ainda auto se explicam em teorizações oriundas de contextos eurocêntricos. Como disse Darcy Ribeiro: “Temos apenas testemunhos de um dos protagonistas, o ‘invasor’. Pois são as façanhas deles que herdamos, sendo eles quem sempre relatou o que se sucedeu aos índios e aos negros, raramente lhe dando a palavra de registro".
Herança ambígua é um ensaio onde eu busco gerar reflexões sobre o lado não narrado da história dessas cidades coloniais e seculares, onde por linguagem eu adoto movimentos instáveis que refletem meu incomodo pessoal ao visitar essas cidades históricas, onde o turismo local se apoderam de relatos eurocêntricos e se fortalecem das heranças arquitetônicas e gastronômica deixada pelos colonos, pois o que sempre faltou, e ainda falta, clamorosamente, é uma clara compreensão da história vivida e não a contata, por isso o que temos hoje são heranças ambígua e muito mal explicadas.
Back to Top